sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Hoje tem palhaçada? Tem sim, senhor!

Mostro o que o povo quer ver. Papo-cabeça não dá audiência.” Essa frase estava no jornal Expresso e foi dita pela apresentadora, Luciana Gimenez, a respeito de seu programa. Curiosamente, por mais que a frase seja infeliz, piegas e desrespeitosa, ela prova uma grande verdade... O povo gosta de coisas sem conteúdo!
É incrível o poder que a televisão tem de nos deixar alienados diante de tanta boçalidade. A pessoa fica sentada diante do aparelho, ruminando coisas infrutíferas o dia inteiro. Aí, entra o quadro das alfinetadas daquele estilista que eu não me recordo o nome, mas digo a vocês de forma muito sincera de que na verdade ele morre de ciúmes por não ter nascido mulher, e fica alfinetando as moças... Se bem que tem umas que pedem para serem alfinetadas mesmo... Mas é uma coisa tão pobre, tão sem valor, mas nós insistimos em ficar ali, pregados diante desse “circo” em que os palhaços somos nós mesmos, por que nossa audiência enche os bolsos dos diretores e apresentadores. Daí, eles mostram aquelas festas de gala em que você e eu nunca vamos estar presentes, e ficamos admirados com tanto desfile de futilidades, parabéns senhor telespectador, o terno “Armani” e a roupa da grife “Daslu” que a socialite emergente que virou apresentadora e seu acompanhante vestem é graças a sua audiência.
A mídia descobriu a mina de ouro, vendem futilidades aos adolescentes, vendem notícias trágicas com um sensacionalismo sínico, falando com mais clareza, “descobriram” que nós adoramos uma baboseira.
Quando nós vamos perceber que estão nos fazendo de trouxas, bobos, alienados, sem direito a uma opinião ou informação decente e de qualidade? Mas o povo gosta disso. As pessoas adoram uma tragédia bem orquestrada pela mídia, ama uma fofoca. É o chamado status quo, onde os manipuladores que ocupam o topo da pirâmide deixam as coisas como estão - e acredite, não vão fazer o mínimo de esforço pra mudar - por que assim é melhor para eles. Conhecimento é poder senhores, e quanto mais esse poder é retido no topo da pirâmide, o povo fica como está. Enquanto o poder (conhecimento) estiver numa verticalidade, nós vamos padecer.
Devemos desenvolver em nós um gosto mais seleto por programações que tenham algo a oferecer, uma postura contra tudo o que a televisão e a imprensa se tornaram nos dias de hoje.
Não estou dizendo pra ficarmos o tempo todo falando de crise econômica, política, sobre a questão da fome na África, falando mal do Bush, Obama ou McCain, até por que, em todo o tempo isso acaba ficando chato e não nos dá nenhuma descontração, mas existem programas que nos oferecem entretenimento, diversão... Mas tudo isso sem tirar sarro de nossa inteligência.
A mídia nos subestima demais.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Amélia era Mulher de Verdade?

Conversando um dia desses com uma amiga via MSN sobre vários assuntos, nós começamos a falar das conquistas femininas ao longo dos tempos, e como essa ideologia de igualdade sexual se comporta nos dias de hoje. Hoje a mulher ocupa posições que, por muito tempo atrás eram consideradas de domínio masculino, mas esse “domínio” está chegando ao fim neste início de século, pois elas são atletas, motoristas de ônibus, “caminhoneiros”, representam destaques em grandes empresas, empresárias de sucesso, e algumas tem um piso salarial maior do que o dos homens.
Essa busca pela auto-afirmação feminina atravessou os séculos deixando muitas mulheres como mártires: Joana D’arc, Maria Quitéria, Olga Benário... Entre outras tantas que lutaram e que até desafiaram forças militares, como Zuzu Angel, que desafiou a ditadura militar para encontrar o corpo de seu filho, e por isso foi morta de forma muito suspeita.
Esse campo ideológico que busca a afirmação, a igualdade entre homens e mulheres, revelou uma luta por reconhecimento que durou muito tempo, e ainda persiste por conta do preconceito machista, mas o reconhecimento nos tempos de hoje é bem maior e esse preconceito está caindo por terra. É bem verdade que, quando se trata de um fator erótico – pois, até nesse ponto elas evoluíram – os homens ainda são muito resistentes. Essa resistência existe por causa de um conservadorismo masculino, que é o grande responsável por essa não- aceitação da exposição da mulher no quesito conquista. O arcadismo machista não tem boa visão dessa evolução onde as mulheres participam de forma muito ativa numa conquista.
Hoje as mulheres são mais desinibidas, um pouco mais atiradas de cabeça na vida e isso faz com que elas ganhem território cada vez mais.
A nudez hoje para elas já não assusta tanto, deixaram o puritanismo e o beatismo de lado e resolveram posar como vieram ao mundo, é o que se chama hoje de “nu artístico”, mas há certas excentricidades. Partindo de um olhar analítico e psicológico, acredito que tais comportamentos são influenciados por séculos de forçada submissão, é como se fosse um grito desesperado por liberdade. O ponto fraco desse anseio pró-aceitação do feminino é o modo exacerbado de comportamento, isto é o que faz se estabelecer uma linha tênue entre protesto e a vulgaridade, como sempre digo, todo conceito ideológico sofre deturpações, da mesma forma, essa ideologia nesses últimos tempos tem se tornado um desespero por parte de algumas mulheres que não sabem que, pra buscar uma auto-afirmação, não é preciso tirar a roupa, ou algo do tipo.
O fato é que elas estão presentes e estão determinadas a ganhar cada vez mais espaço, por isso, a cada dia vemos um número crescente de mulheres em faculdades, em cursos de especialização ocupando cada espaço, disputando uma boa carreira, sendo visionária, saindo daquela sombra que a escondia atrás de um fogão ou cesto de roupas sujas. Deixaram de ser “Amélia”.
Talvez, o próximo século seja dominado por mulheres. Será o ressurgimento das guerreiras amazonas? Talvez... Fico pensando... O que será de nós, homens? (rsrs)

Vendendo Tragédia

Os acontecimentos que ocorreram na última semana na cidade de Santo André abalaram o Brasil inteiro. A tragédia que ocorreu de forma implacável com as duas adolescentes, Eloá e Nayara, revoltou toda a população nacional. E não só pela morte de uma menina de quinze anos de idade, que tinha uma vida toda pela frente e que foi interrompida pela mente fraca de um delinqüente machista, mas pelo jogo de empurra que se estabeleceu depois da invasão ao apartamento.
As perguntas não cessam: Houve tiro? Foi antes ou depois da invasão do GATE? Por que Nayara depois de libertada, retornou ao apartamento? Perguntas essas que tão cedo não vão calar.
Mas minha indignação é por isso tudo e mais um pouco. Minha indignação é destinada a uma imprensa sensacionalista que usou e abusou do poder da informação. Estavam vendendo tragédia. E não pense você que a intensificação da notícia era nos manter informados, pois o real propósito disso era manter o pico de audiência.
A guerra entre as emissoras era terrível, estúpida e desrespeitosa. Em um dado momento num programa onde se estava debatendo o acontecido, um dos apresentadores interrompeu a notícia – e nesse momento o clima de emoção e comoção estava no auge – e passou a outro apresentador para que ele fizesse o merchandising de uma promoção que estava dando um prêmio milionário. Agora pergunto a você: por que será que ele fez isso? Seria estratégia, pois naquele momento a audiência era grande, e isso era bom pra venda do produto?
Imprensa brasileira faça-me o favor! Onde está a sua seriedade, o seu cuidado e respeito com as pessoas?
O cúmulo do desnecessário foi quando em dois desses programas, entrevistaram o seqüestrador por telefone... Meu Pai Eterno. Cheguei à conclusão de que tragédia vende, e as pessoas estão dispostas a pagar.
Uma nova profissão surge meus senhores, “mercadores de tragédia”. Será que eu vou ganhar um “qualquer” patenteando a profissão? Isto é ridículo.